segunda-feira, 19 de maio de 2014

Empresa de Ílhavo produz algas que dão superalimentos, bioplásticos e filtram a água

Uma nova expressão designa o que está a acontecer por todo o mundo e em que a Algaplus é pioneira cá: agronomia do mar. O que se produz? Macroalgas, na ria de Aveiro. Elas parecem dar para tudo: desde alimentos até bioplásticos. De passagem, tornam a aquacultura de peixes mais verde.


Junto à ria de Aveiro, crescem macroalgas associadas à aquacultura de peixes. Nuns tanques, há robalos e douradas, nomes bem conhecidos da pirâmide alimentar, e noutros, alface-do-mar, cabelo-de-velha, musgo-irlandês, botelho-comprido, erva-patinha e chorão-do-mar. Estas seis espécies de macroalgas (não são microscópicas) também podem vir a fazer parte da cozinha portuguesa ou, então, ser matéria-prima para plásticos. Povoam a costa e, desde 2013, são produzidas pela empresa nacional Algaplus.

Instalado em Ílhavo, perto de Aveiro, o sistema das algas serve para filtrar a água que fica suja depois de ser utilizada pelos peixes da aquacultura. “Produzimos macroalgas que biofiltram, ou seja, fazem a biorremediação da água que vem da produção de peixes”, explica Helena Abreu, directora de investigação e desenvolvimento da Algaplus. “Um organismo recicla os resíduos produzidos por outro e transforma-os em produto de valor.” Neste caso, o produto de valor são as macroalgas.

Só em 2010 foram produzidas 20 milhões de toneladas de algas secas em todo o mundo: 99% teve como destino a indústria alimentar. Usamo-las como legumes, em batatas fritas, para gelificantes, caramelizantes, texturantes ou espessantes. O sudeste asiático é a região onde mais se produz algas e 90% desta produção é em regime de aquacultura.

Os peixes, nos seus dejectos, produzem naturalmente amónia, nitratos e fosfatos. Na aquacultura, a concentração destas substâncias pode ser muito grande, o que as torna poluentes. Mas, para as algas, estas mesmas substâncias são alimento e, se a água usada pelos peixes for posta à disposição destas espécies, elas podem crescer mais rapidamente do que o normal, devido à abundância destes nutrientes, ao mesmo tempo que limpam a água. Este sistema – chamado aquacultura multitrófica integrada – tenta imitar os ecossistemas naturais na produção de peixes.

Da investigação ao negócio.
Tanto Helena Abreu como Rui Pereira, director da Algaplus, são biólogos e passaram anos a investigar as macroalgas. Em 2006, quando Helena Abreu estava a fazer o doutoramento e Rui Pereira um pós-doutoramento, ambos no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (Ciimar) da Universidade do Porto, tiveram a ideia de formar uma empresa de produção de macroalgas.

“Fazíamos a produção de macroalgas integrada num sistema de cultura na Póvoa de Varzim”, lembra Helena Abreu. “O trabalho no dia-a-dia podia ser transformado num negócio comercial.” Mas a ideia só ganhou forma quando um privado investiu dinheiro. A empresa nasceu em Ílhavo, em 2012, e estabelece um acordo com a empresa Máteraqua, dedicada à aquacultura semi-intensiva de robalos e douradas.

“Este sistema de produção é amigo do ambiente. Os peixes alimentam-se quase só com as águas vindas da ria”, diz Helena Abreu. A água é utilizada primeiro pelos peixes, depois segue para os tanques das algas. Do ponto de vista comercial, a Algaplus defende um tipo de associação entre empresas em que cada uma se especializa numa parte de um sistema maior, em vez de uma única empresa explorar tudo: a produção de peixes, de algas…

“Estamos no mesmo espaço e beneficiamos das mesmas infra-estruturas”, diz a bióloga, acrescentando que a Máteraqua também beneficia do marketing da Algaplus. “Ajudamos a empresa a vender o seu peixe como amigo do ambiente.” Este aspecto ecológico da produção de peixe coaduna-se com as directivas da União Europeia (EU), que prevêem a necessidade do crescimento da aquacultura para alimentar a população, mas de forma sustentável.

“Portugal tem grande diversidade de espécies de algas com aplicação comercial, tem um clima ameno e um desígnio na aposta do mar”, aponta a empresária como vantagens desta actividade no país. No entanto, a Algaplus é a única empresa portuguesa a produzir macroalgas.

Farinhas, legumes e sal gourmet
Finalmente, em 2013, a Algaplus começou a obter a sua matéria-prima. Hoje, já retira 300 a 400 quilos de algas desidratadas por mês, que crescem nos cerca de 200 metros quadrados de tanques usados pela empresa. Há três condições para escolher as macroalgas que vão produzir-se, diz Helena Abreu: “Têm de ser espécies que existem no local, ter crescimento rápido e um potencial valor comercial.”

Tal como as plantas, as algas fazem fotossíntese. Por isso, utilizam a luz solar para produzir matéria orgânica e crescerem. Este factor pode colocar limitações na cultura. “O nível de produção de algas baixou neste Inverno de muita chuva”, exemplifica a bióloga. A produção varia também consoante a espécie de alga ou o tipo de aquacultura associada. Uma produção de peixe mais intensiva vai disponibilizar mais nutrientes para aalgas.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

UM SANTO REMÉDIO

 Água morna com limão em jejum. Estimula o sistema imunológico, ajuda no equilíbrio do PH, na digestão e na perda de peso, agindo como diurético natural suave. Ela ainda hidrata o sistema linfático, mas para todos esses benefícios, deve ser tomada em jejum. O limão também tem um efeito alcalinizante no corpo e é uma fruta rica em vitaminas e minerais, dentre eles a tão conhecida a... Vitamina C, mas também contem vitaminas do complexo B como tiamina, riboflavina, os carotenoides, e os minerais magnésio, fósforo, silício, selênio, cálcio e potássio, e ainda os limonóides, compostos bioativos que estão associados a prevenção de várias doenças, incluindo o câncer.
Tem tbm uma ação direta no fígado e promovem a detoxificação através da eliminação de toxinas e substâncias cancerígenas. Além dessa propriedade esse composto é citado nos estudos como importante para reduzir sintomas de ansiedade, combater a depressão e reduzir gordura no sangue; Tem vitamina C é importante para o sistema imunológico, fazendo sua fortificação, além de participar das vias da lipólise (queima de gordura no sangue). Por isso , em jejum LIMÃO SEMPRE LIMÃO.

Por que o espinafre faz mal à saúde?? E a rama da cenoura é tóxica?

O consumo do espinafre aumenta a cada dia que passa. O famoso marinheiro Popeye, faz propaganda do alimento, dando a entender que quem come espinafre está sempre forte e pronto para superar qualquer obstáculo. O que poucos sabem, é que no mesmo país de origem do desenho (Estados Unidos), nos anos 50, houve a prática de adicionar espinafre no leite de crianças recém-nascidas (batia-se no liquidificador), com o objetivo de enriquecer o alimento com ferro (o leite é uma fonte muito pobre neste mineral). Naquela época, algumas crianças vieram a óbito, devido ao excesso de substâncias tóxicas e antinutricionais ingeridas diariamente por conta deste hábito.

A doença ficou conhecida como doença do branco do olho azul, pois o branco dos olhos ficava dessa cor. Hoje sabemos que o consumo desta hortaliça não deve ser excessivo e também que o ferro presente na planta está na forma não heme, difícil de ser absorvido, diferente daquele presente nas carnes vermelhas (ferro heme).
Por que devemos tomar cuidado com o espinafre



O espinafre é um dos alimentos vegetais que mais contém cálcio e ferro. Entretanto, esses dois minerais são pouquíssimo aproveitados pelo nosso corpo, já que o alto teor de ácido oxálico no vegetal inibe a absorção e a boa utilização desses minerais pelo nosso organismo. Os estudos mostram também que o ácido oxálico do espinafre pode interferir com a absorção do cálcio presente em leites e seus derivados.

Esse fato sugere que o espinafre em uma refeição pode reduzir a biodisponibilidade de cálcio de outras fontes que são consumidas ao mesmo tempo. Por isso, se no seu almoço você comeu uma torta de queijo com espinafre, tenha certeza que grande parte do cálcio do queijo não foi utilizada pelo seu organismo.

Outra grande preocupação é o possível efeito tóxico que a ingestão de grandes quantidades dos fatores antinutricionais presentes na planta pode causar nas pessoas. Com o objetivo de avaliar todos esses problemas, uma pesquisa, que resultou em uma tese de mestrado, foi desenvolvida na ESALQ/USP sob minha orientação. O estudo intitulado "Avaliação química, protéica e biodisponibilidade de cálcio nas folhas de couve-manteiga, couve-flor e espinafre" teve como objetivos verificar se determinadas plantas podiam ser utilizadas na dieta humana, sem causarem prejuízos à saúde e o bem-estar do indivíduo.

A pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP)

As folhas estudadas foram adquiridas no comércio local e a folha de espinafre foi também adquirida de outros dois locais: da Fazendinha da UNIMEP e da horta do Departamento de Horticultura da ESALQ/USP. Essas folhas foram lavadas, secas em estufa e moídas. A seguir, foram acrescentadas nas dietas que foram avaliadas durante o ensaio experimental com duração de 30 dias.

Resultados

Os resultados começaram a impressionar quando verificamos os teores dos dois fatores antinutricionais investigados: ácido fítico e oxálico. A folha de espinafre apresentou valores muito altos em relação às demais. Como conseqüência desse fato, os animais alimentados com a folha de espinafre morreram na primeira semana, e portanto, não puderam ser avaliados até o final do estudo. Várias tentativas foram feitas, utilizando dietas com folhas de espinafre cozidas (acreditávamos que o calor pudesse destruir os fatores tóxicos presentes) ou folhas de espinafre provenientes de outros locais (livres de agrotóxicos que pudessem ter influência).

Contudo os mesmos resultados repetiram-se, ou seja, houve a morte dos animais com hemorragia, tremores e perda de peso. Os rins dos animais mortos foram retirados e analisados pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba/UNICAMP. De acordo com o laudo apresentado pelo Departamento de Patologia, foi comprovado inchaço renal, indicando uma nefrotoxidade, edema celular e depósito de substâncias aparentemente cristalizadas nos túbulos renais, o que provoca disfunção renal.

De acordo com vários pesquisadores, a explicação provável estaria na presença do ácido oxálico no alimento, que além de causar um balanço negativo de cálcio e ferro, em doses superiores a 2g/Kg de peso, pode causar toxicidade nos rins. Já o ácido fítico, quando na proporção de 1% na dieta, seria o responsável pela redução do crescimento dos animais jovens. Na década de 80, estudos já atribuíam ao ácido oxálico sintomas como lesões corrosivas na boca e trato-intestinal, hemorragias e cólica renal, causados pela ingestão de plantas ricas nesta substância. De acordo com esses mesmos estudos, o espinafre que possui a relação de ácido oxálico/cálcio superior a 3, deve ser evitado. Na nossa pesquisa isso foi observado. 



Com relação às demais folhas, couve-manteiga e couve-flor, não foi observado nenhum efeito tóxico, verificando-se que a melhor biodisponibilidade e retenção de cálcio nos ossos (73%) ocorreu nos animais que ingeriram a dieta contendo couve-manteiga. 

Os resultados desse estudo nos levam a acreditar que o consumo de espinafre deve ser substituído por outros vegetais folhosos, já que os efeitos proporcionados pela ingestão das substâncias antinutricionais presentes na folha, podem ser prejudiciais à absorção de nutrientes importantes para nossa saúde, e essas mesmas substâncias podem causar sérios problemas tóxicos.

Os resultados também sugerem que além da grande presença de ácido oxálico e fítico, provavelmente a folha do espinafre contenha outras substâncias tóxicas, que supostamente levaram à óbito os animais do estudo, bem como causaram o incidente com os recém-nascidos nos Estados Unidos. Essas substâncias, ainda não identificadas, exerceriam ações tóxicas em pessoas mais sensíveis e levariam a chamada "doença do branco do olho azul". Fica claro, portanto, a necessidade de mais estudos elucidativos a respeito do assunto.

Finalizando, a minha dica é que todos procurem dar preferência a outros vegetais folhosos em substituição ao espinafre: a couve, brócolis, folha de mostarda, agrião, as folhas de cenoura, beterraba e couve flor e leguminosas como os feijões, ervilhas, lentilhas e soja são as melhores opções para quem quer consumir fontes alternativas de cálcio e ferro.

Drª Jocelem Salgado
Profª. Titular de Vida Saudável da ESALQ/USP/Campus Piracicaba. Autora dos livros: "Previna Doenças. Faça do Alimento o seu Medicamento" e "Pharmácia de Alimentos. Recomendações para Prevenir e Controlar Doenças", editora Madras.